... quando convidei a Sa para vir a Lisboa ver o Espectáculo Final da Escola de Dança do Conservatório Nacional. Todos os anos em Julho, o belo do espectáculo era realizado no mesmo sítio: Teatro de S. Luiz. Levei-a até aos camarins e bastidores do teatro, vimos a D. Mila a passar os vestidos e tutus que iriam ser utilizados no bailado. Vi os meus amigos a dançarem nos principais papéis e bateu uma nostalgia forte daqueles longos e dolorosos tempos em que o importante era fazer sangue nos pés de tanto andarem sob as pontas...
terminado o espectáculo, voltámos à Parede, nessa altura, ainda a casa da minha tia, que nos quis levar a ver o Casino do Estoril. Ao chegarmos à porta o porteiro do Casino barrou-nos a entrada e a minha tia perguntou se era por sermos novas (14 anos), ao que o senhor respondeu: "não, é por estarem com calçado desadquado!" ambas olhámos para os pés e como boas algarvias que eramos o nosso calçado era nada mais nada menos que umas belas REEF, que tanto estavam na moda!
No dia seguinte fomos convidadas para sairmos na noite de Lisboa por 2 grandes amigos da altura: o Paulo e o Paulinho. Estes dois grandes senhores eram escoteiros de Lisboa, mais velhos que nós e amigos dos nossos chefes, no entanto, sempre nos acharam uma certa piada (de certeza que, pela nossa rebeldia e sociabilidade que sempre mostrámos). O Paulo, com os seus belos 26 anos na altura, era já chefe nacional do Clã, bem cotado na área, trabalhava numa ourivesaria na rua Augusta, onde cheguei a passar algumas vezes, anos mais tarde quando já morava em Lisboa; o Paulinho, por sua vez, com os seus 19 anos, era aquele rapaz super querido, carinhoso e que tanto me fascinou naquele ano... chegámos a trocar cartas (que saudades da época em que ainda não havia telemóveis e que era uma alegria quando chegava uma carta em correio azul com o nome de Paulo Ruivo, no remetente)e também algumas picadas!
Assim, a minha tia levou-nos de carro até à estação de Santos onde eles nos esperavam. Eu trajava umas magníficas calças de Verão axadrezadas de azul, branco e verde alface (lindíssimas!!!) e uma fantástica blusinha de alças azul escura da Kookai e os meus super sapatinhos da Levis; a Sa, por sua vez, o seu tão famoso vestidinho de ganga da Pepe Jeans que lhe deixava bem à mostra todos os seus atributos que já tinha na altura (sempre foi uma boazona!).
atravessámos a rua e andámos até a uma tasca onde era habitual eles pararem para beberem uns copos antes de seguirem para uma disco. Vim mais tarde a descobrir que a tasca era a Paulinha. o Paulo perguntou-nos se não queríamos um "chá", ao que um pouco intrigadas dissémos que sim. o "chá" era nada mais nada menos que um bruto copo de whiskey com um bocado de água. Eu detesto whiskey e a sa idem idem aspas aspas, mas lá bebemos um bocado (ok eu confesso, eu tive a ajuda do Paulinho, a Sa bebeu o copo todo). O que importa é que saímos de lá já com um certo nível de álcool no sangue e apanhámos um taxi em direcção às Docas,que na altura, eram a sensação do momento, porque eram muito recentes.
A 24 de Julho estava apinhada de carros e ninguém andava. Dentro do taxi, a Sa (que nunca tinha morado em Lisboa) perguntou-nos o que eram as "luzinhas" que se viam em cima das Docas... ingenuamente, referia-se à Ponte 25 de Abril! Depois de, entre muitos risos, lhe termos dito o que era, continuou muito intrigada de como é que se subia para lá para cima... enfim... agora que já está cá há 8 anos, acho que já percebe!:) Após estarmos naquela fila interminavel há quase uma hora para andarmos meia dúzia de metros, decidimos deixar o táxi e ir a pé... afinal não era assim tão longe!
Chegados às docas, os bares também se encontravam super cheios, e acábamos por nos sentar no último, o Bar da Ponte, onde mais uma vez o Paulo pediu uma garrafa de vinho BSE. Neste bar, haviam umas raparigas que andavam a entregar flyers que faziam promoção à "Cuba Livre" - Bacardi com Cola - o flyer, que ainda há-de estar guardado no verdadeiro baú de recordações da Sa, dizia tudo o que aquela noite nos estava a dar:
"Ainda a noite é uma criança
Reserva-lhe muitas surpresas (...)
E sabe que mais?!
Cresça e apareça!"
Depois de esvaziarmos a garrafa de BSE (tornou-se um dos meus vinhos preferidos) voltámos para Santos e aí os Paulos quiseram-nos levar à Kapital. Não conhecíamos nem nunca tínhamos ouvido falar em tal discoteca mas pela roupinha das pessoas que faziam fila à porta da mesma notámos logo que não era como a nossa familiar Trigonometria na Quinta do Lago. Assim, com os nossos 14 aninhos e com as nossas roupas super fashions, passámos à frente daquela gente toda, sempre coladas aos nossos anfitriões! já à porta reparámos em todas as gajas que ali estavam: grandes saltos altos, super megas produções, maquilhagem ao rubro! lembro-me de pensar: mas será possível entrarmos aqui?
Dito e feito: depois de ver o Paulo a sacar de mais umas quantas notas de 5000$ (coisa que fez várias vezes durante a noite toda) entrámos na Kapital, e ficámos no andar debaixo... como ainda vinhamos com o flyer da Cuba Livre na mão, decidimos pedir esta bebida que nos patrocinou o resto da noite... mais uma vez a pista estava apinhada de gente gira e a música estava ao rubro! encostámo-nos a um canto a dançar e de repente ao som da hit do Verão - Children do Robert Mile - eu entusismei-me e dei a minha primeira picadinha no Paulinho! Tudo era contagiante, assim como a bebedeira que eu já tinha em cima! e assim me apaixonei pela 2ª vez na minha vida!!! O Paulinho!
Por volta das 5h30 da manhã saímos da Kapital, já se começava a ver o dia a nascer, mas a noite ainda não tinha acabado: virámos a esquina e entrámos noutra Disco, também por nós desconhecida: o Kremlin! com o som ainda mais pujante, estivémos lá até às 7h. Quando saímos, era dia feito! Os Paulos fizeram questão de nos levar de comboio até à Parede (how romantic!) e nunca uma viagem de comboio pela Marginal me pareceu tão bonita como naquela manhã de Domingo! Sentadas no comboio estavam senhoras com flores, com sacos de compras, etc... era um novo dia. Chegados à Parede, despedimo-nos dos Paulos, com promessas de voltar a repetir aquela noite (que nunca se chegou a repetir, pelo menos em Lisboa) e começámos a andar até à minha casa... Cansadas e cheias de fome, passámos pela Praça e aquele cheiro tão característico fez-nos entrar para comprar um PÊSSEGO para cada uma e ainda dar um dedinho de conversa à vendedora. Chegadas a casa adormecemos que nem uns anjos, mas é claro que ainda fizémos ali um resúmo daquela noite tão surreal nos nossos pequenos 14 aninhos de juventude...
sem dúvida, uma bela estória para recordar...
Cacá 1-0 Sa
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3 comentários:
Ok, um ponto. Mas pelo fim-de-semana em si, não pela descrição... vais perder macaca!
Nem sei por onde começar...
pelos camarins, parece-me justo. Estivemos escondidas dentro do armário... apareceu uma professora que não podia saber que estávamos ali e os teus amigos(gays!) enfiaram-nos no roupeiro! Lá dentro estava um grande ramo de flores..
Prosseguindo, admito que não me lembro do que jantámos, o que é bom sinal- não vomitei nessa noite :)
No bar onde fui forçada a engolir um copo alto CHEIO dessa bebida intragável e mal cheirosa conhecemos o terceiro Paulo! ah pois é esqueceste-t dessa bela personagem! Esse senhor, já na casa dos trinta, que enquanto te apertavas fervorosamente contra a cara do Paulinho na Capital, me queria violar em plena pista: "Os teus pais deviam estar muito inspirados no dia em que te fizeram" - A primeira vez que ouvi esta frase tão, tão... conhecida.
E a nossa visita à casa de banho??? Puxámos a porta de vidro com tanta força para sair, levámos minutos a tentar sair e nada, a porta não se mexia. A casa de banho estava cheia daquela miúdas incrivelmente altas e tão pintadas que me pareciam saídas de um filme de terror e NENHUMA SE DIGNOU A AJUDAR! Vá lá que a porta era de vidro e os nossos amiguinhos perceberam. Afinal a porta abria para fora...
e claro, saímos do kremlin porque houve porrada...
Por fim, my laave, o pêssego é um pormenor importante, mas então e o paganini! (ou papagini, na minha gíria de bêbeda) éè tão bom dançar no meio da rua, de manhã, com o mundo nos pés e o sol a aquecer as costas ainda frias da noite (bem passada)
Vá meio ponto pa mim pelo comment!
A ler esta bela história leimbrei-me de uma muito boa...
Quando a Sá fez 13 anos...
Foi lindo!!!
Depois de chatear muito o meu pai, lá fui autorizada a ir dormir a casa da Sá para festejar o seu 13.º aniversário...
Os pais da Sá, depois de muito convencidos, lá nos deixaram ir dar uma voltinha pela noit farense até à 1 da manhã, onde nos foram deixar e depois buscar...
Todas entusiasmadas com a nossa saída resolvemos pôr mãos à obra relativamente à produção...
Assim, cada uma com o seu calção que deixava ver metade das nádegas.. A Sá com uma blusa bem decotada a mostrar já os seus atributos de infância.. Eu bem mais modesta com uma simples t-shirt a deixar notar bem os meus 12 aninhos...
Chegadas à noite farense, fomos directas para o Mórbidos... bar sensação do momento que, apesar dos vários nomes que entretanto foi tendo, continua a estar na moda...
De facto, foi uma noite memorável.. Tudo quanto era gajinho metia-se connosco... Nós já muito senhoras e crescidas a beber a nossa bujinha e a fumar os nosso cigarrinhos... só visto.. contado ninguém acredita!
1996???!!! Ano do concerto pearl Jam??!!!!
BOa Aventura, nao te lembras Sa...Eu tu e a Sarita..
Qdo me deixarem descrevo essas 24h de loucura e mto alcoll as 16h00 Primeira bezana a tarde...
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