segunda-feira, 22 de outubro de 2007

História da lata de atum e do frasco de plástico de azeite

Ok, então it's my turn.
Andas a pressionar-me e a minha memória fica nervosa, como no dia da apresentação do LIVRO EM BRANCO, mas isso é outra história... :)

Era uma vez quatro raparigas que não sabiam o que fazer num sábado, ou melhor num fim-de-semana!

Para que melhor se recorde: eu, tu a Sara e a Sofia.
Resolvemos ir para a Pedra de Água (casa de campo da Sara) mas combinámos no Tridente para a Luciana nos dar boleia. Em que ano foi? Não me lembro, mas sei que erámos bem novas, porque nenhuma de nós tinha carta para conduzir o carro. Também tenho a certeza que era verão, porque ainda sinto o calor do sol e a frescura dos mergulhos na piscina, mas a essa parte já vamos.
Chegámos e tocámos (esqueci já o código da porta, 10 13 qq coisa... pronto, era um 9º andar, O 9º andar) e a Sara desceu. Enquanto esperávamos no Polo branco pela Luciana a Sara mostrou-nos uma k7 do irmão - Dead Combo. Sempre a invejei por ter um irmão mais velho que a punha a par das maravilhas do mundo dos grandes! A Catherine ficou logo fascinada e solicitou uma cópia.
Seguimos viagem.
Ainda no caminho, super animadas e ansiosas, lembro-me perfeitamente de passarmos uma pequena lomba e a Sara, que ia à frente, dizer irritada: - Contigo nunca funciona!
A mãe sorriu e pediu-lhe que se explicasse.
- Com o pai ou com o João (leia-se Fofes) damos sempre o saltinho, contigo não!
Achei piada. Uma das coisas que mais gosto na condução da minha mãe é o facto dela andar de pressa, irrita-me "pisar ovos". A mãe da Sara não teve ter achado assim tanta piada.
Adiante.
Chegadas ao destino, tivemos direito a uma apresentação formal do espaço. Ainda no hall de entrada havia uma porta para o escritório. A secretária ao fundo,virada para a porta, um pequeno sofá e do lado oposto ao sofá, do lado direito da porta, um cavalete com um quadro.
- Fizemos todos juntos, para oferecer ao meu pai nos anos.
Bela prenda! Creio que foi na comemoração dos 50. Uma família de artistas, há que elogiar!
A outra porta do hall dava para a sala. Em frente uma mesa e um armário de madeira (com a aparelhagem que nos animou a tarde de domigo). Do lado esquerdo a porta que escondia o corredor dos quartos e o recanto de estar... sofás e lareira. Em cima uma estrura de madeira que parecia denunciar um mini-segundo andar, nunca lá subi, será que dava?
Do lado direito, a porta para a cozinha. Na cozinha descansava uma mesa ainda maior que a sala.

Tanto a sala como a cozinha tinham grandes portas de vidro para a varanda. A varanda exibia uma paisagem com um largo horizonte (o que mais faz falta hoje em dia...). De ambos os lados da varanda havia escadas para o jardim, disnevelado face à casa.
Lá em baixo jazia a piscina e ao lado (no que se poderia chamar cave se estivessemos dentro de casa e rés-do-chão se estivemos na piscina) o NOSSO REFÚGIO!

Do lado direito uma divisão com tralhas que tanto jeito nos deram, colchões de ar, bóias e afins; em frente a casa de banho, e do lado esquerdo uma ampla sala com colchões para dormirmos e A BATERIA DO FOFES!!! :)

Sáltamos logo para a piscina e iniciámos o tão apreciado jogo da baleia branca...
Entre sol e piscina, piscina e sol, cansadas de tanto mergulhar, tivémos uma ideia!
(Já reparaste que as nossas ideias eram sempre, como dizer, brilhantes!)
Fazer, nada mais nada menos do que... tchan, tchan, tchan... FAZER UM BONGO!
Pois é vivia-se o espírito livre da Mona Lisa que ainda hoje habita o meu quarto e pusemos mãos à obra. (foi no mesmo ano que oferecemos o bongo de vidro á Adriana, ela deve-se lembrar da data, não?)
Cadê o material?? Em lado nenhum... Mas erámos escoteiras, ou não?! Claro. Quer dizer a Sofia não, mas tem o espírito!
Depois de muito pesquisar a sala das tralhas, a despensa e 1700 armários da cozinha, não sem antes roubar um bocado da mangueira do jardim, tinhamos todos os ingredientes. Ou pelo menos assim pensámos.
Uma garrafa vazia de azeite, a tampa de uma lata de atum (para fazer a caldeira) e uma vela (para eventuais fugas).
Ainda hoje recordo com pena o momento em que percebemos que não funcionava! Esquecemos a rede (para a sopa não se precipitar na magueira e perder-se na água, esquecemos que as latas de atum são oleosas e as garrafas de azeite ainda mais... (acho que é por isso que ando com este ataque de acne juvenil).
De qualquer forma, foram pelo menos duas horas a rir sentadas no chão.
Tendo em conta que o sol estava banstante quente e as donzelas já estavam a torrar, entrámos para o nosso "quartinho". Ainda não tinhamos preparado as camas... foi aí que ecoaram as nossas primeiras interacções com a bateria...
Os pais da Sara chegaram (a Luciana entretanto tinha ido às compras) e o joão (pai) veio pedir-nos (relativamente aborrecido, para não usar a bela conjugaçaõ de palavras fodido da vida) que tirássemos as nossas mochilas de cima da mesa da varanda. Pois, a minha longa descriçaõ do espaço não tinha ainda recaído sobre esta peça de mobília. Em frente à cozinha, na varanda, havia uma mesa redonda. Cá em baixo perto da piscina havia outra, com um barbecue... agora que penso mas porque raio teria aquela casa tantas mesas?? Just joking, a casa era perfeita! Pelo menos para nós foi.

Trouxemos as mochilonas com quilos de roupa. Sim porque as babes andam sempre com a casa às costas, mesmo quando não se vai sair de casa. Este fenómeno quando se viaja é problemático.. ups... deixo para ti!

Tomámos banhoca e subimos para jantar. Já não me lembro o que jantámos (e repito, não lembrar é bom, é sinal que não vomitei!) nem se havia álcool. Acho que quando nos juntávamos, andávamos sempre embriagadas por natureza. Existe uma teoria que explica isto, mas agora não lembro, se lembrar já acrescento. (A minha massa encefálica está a mirrar comportando-se como um verdadeiro músculo que quando exercitado se contrai)

Pois... jantámos e descemos outra vez!
Esta parte passo! Também não posso escrever tudo, senão nunca vais conseguir acabar de ler e dar-me os pontos (merecidos).

A tarde era já menina ao pé da noite que se avizinhava!
Uma bateria, uma viola e 400 peças de roupa que fomos buscar aos armários lá de cima... animaram uma noite inteira de cantorias.
"mataram mi burro, roubaram mi ombre... mataram! roubaram! mi ombre! mi burro"

Ou o clássico, que me traz tantas recordações e força as lágrimas:
"Toda a gente critica o telemóvel do vizinho
Mas no fundo toda a gente queria ter um igualzinho
Toda a gente grita: todos diferentes todos iguais!
Mas se calhar há uns quantos bacanos a mais"

Nesta altura ainda não tinhamos inventado o grand hit do século:
"é pa fumar é pa fumar, é pa beber e vomitar. É pa fumar, é pa fumar... eu faço tudo e inda não morri"
maravilhosamente adaptado do original (inventado nos degraus de uma porta aberta de um comboio em movimento por mim e pela Sara)
"é pa lamber, é pa lamber, é pa engolir e pa cuspir. é pa lamber, é pa lamber, eu faço tudo e gosto de ti!"
HISTÓRIA ERRADA OUTRA VEZ, eu perco-me pah, perco-me!
- Mas já agora será que a minha ilustre adversária se lembra de que viagem falo?? :P

E lá andamos a noite toda a batucar, a vestir e despir fatiotas, a reinventar personagens. Depois caímos novamente na piscina sem biquini (pode-se contar tudo aqui?!) e intercalámos os mergulhos com a observação de estrelas. Andámos a treinar o reconhecimento da ursa maior, da menor... (Devíamos estar a treinar para podermos colar mais uma especialidade na farda) e tivémos outra ideia brilhante: Cuspir fogo!
Sabíamos como era? claro que não! Dah, se soubessemos não tinha piada.
Arranjámos um pau e enrolámos na ponta um pano branco velho.
A Sara foi buscar aguardente (ah, ah, afinal havia álcool!) e fizemos umas tentativas frustradas. Não satisfeitas com a aguardente tentámos quase o bar todo e nada!

Os ânimos estavam a esmorecer perante tantos fracassos e resolvemos mudar de ares.

Subimos à casa e empreendemos uma longa excursão pelo corredor dos quartos, até ao refúgio do mano mais velho... realmente, agora que penso nisso, porquê?! Coitado do rapaz se soubesse que lhe revistámos as gavetas todas à procura de qualquer coisa que nos distraísse... eramos terríveis. Ok, sejamos sinceras, AINDA SOMOS TERRÍVEIS!

Por entre muitas gragalhadas quase mudas (os pais da sara estavam em casa a dormir, pensávamos nós) encontrámos o postal.
O postal!
o postal com a despedida derradeira.
O postal da frase de amor perdido que repetimos nessa noite e em muitas cartas posteriores até à loucura:
"E os mortos a rirem-se de tudo isto, do outro lado da mágoa"

e sobre esta frase não consigo falar mais, todas nós sabemos porquê.

Adormecemos, a Sara numa ponta, eu, tu e a Sofia. Acho que foi assim. Pelo menos a certeza que dormi ao lado da Sara, era a nossa posição na tenda. Fizemos a habitué onda com as pernas presas dentro dos sacos camas, trocámos segredos e adormecemos na certeza de que acordaríamos juntas para continuar a rambóia.

Acordámos e subimos para pequeno almoçar. Os pais da sara antes de saírem elogiaram desdenhosamente a nossas provas de talento com a bateria na noite anterior...
Ainda descemos para mais umas brincadeiras em cima dos colchões de ar (e debaixo deles) mas o sol estava muito quente e subimos novamente.

Ouvimos umas musiquetas e cantámos, como sempre... Muranguuuuuuuuus... e como o chocapic(!!!) já era uma leve lembrança resolvemos ir preparar o almoço.
As quatro abandonadas na cozinha (sem um adulto que nos orientasse a criatividade culinária) - Batatas fritas com salsichas fritas!
Ok, eu admito, eu comi as salsichas não fritas porque estava cheia de fome, mesmo, e não consgui esperar que o raio das salsichas fritassem. Realmente não percebo porque não fritámos as batatas e as salsichas ao mesmo tempo (ainda que em recipientes diferentes).
Acho que foi a primeira refeição em que vos mostrei o litros de vinagre que ponho nas batatas fritas. A Sofia ficou escandalizada... :)

Com a barriguinha cheia, começamos outra vez a inventar. A grande máquina de filmar que me acompanhava nas peripécias da altura estava presente (ainda ei-de postar aqui algumas filmagens, se as encontrar...) e resolvemos inovar:
FIZEMOS UMA SÉRIE TELEVISIVA INTEIRA!
Uma espécie de All you need is love misturado com aquele programa lamechas para encontrar familiares, arghhhh não me lembro do nome!

A Sofia e a Sara foram um belo casalinho de fufas, a catarina foi a mãe que tinha perdido a filha (foste?), eu acho que fui só a responsável pela filmagem, a realizadora e a miúda que aparecia nos anúncios dos intervalos.
Foi o que se pode chamar o início de uma bela carreira - A catarina que conte a história da quatro spice girls... :)

Passámos a tarde quase toda nisto e quando descemos para arrumar as divagações da noite anterior ainda tentámos cuspir fogo outra vez. Era impreterível conseguirmos, disso dependia o sucesso da peça que estavamos a preparar para o grande acampamento regional... Os quatro elementos TEXTOS DA MINHA AUTORIA! Vá vocês ajudaram um bocadinho...

Percebemos que a tocha tinha sido mal apagada na noite anterior e tinha queimado a relva... o pai da Sara não achou piada (outra vez)... Pelo relato parece que o Sr era mau, não era, a sério, era e É UM AMOR. Mesmo quando nos dava descomposturas, e eu ouvi muitas naquele 9º andar, caladinha dava-lhe sempre razão.

Voltámos, já não me lembro bem como, nem quando.
Sei que passado uns dias o Fofes (irmão da Sara) explicou-lhe como se cuspia fogo, treinámos com água no banho e
no Sábado a seguir conseguimos!


Bem escrevi linhas e linhas e ainda me parece que faltam pormenores. Talvez falte esse filme, talvez falte a tua visão.
Não sei quantos pontos mereço, mas estou a começar a gostar MUITO deste jogo.
Citando uma suposta carta de despedida de Gabriel Garcia Marques:

"Aos velhos, ensinar-lhes-ia que a morte não chega com a velhice, mas sim com o esquecimento"

3 comentários:

Cats disse...

...podes crer que o "O LIVRO EM BRANCO" é outra história que mete os teus anos, bebedeira, meloa, sumo de laranja e dança e agua das pedras!

A Pedra d'água...
depois de estar aqui 1 minuto parada a olhar para este nome, vejo que fizeste uma descrição pormenorizada daquele sitio... sobre um dos vários montes que envolvem Loulé estava aquela casa magnifica cheia de vivacidade e cor! a estrutura de madeira do recanto que falavas estava coberta por uma longa esteira de canas que mais tarde veio tb a ser usada na nossa patrulha dos escoteiros...
"o Refugio": aquela sala enorme cheia de instrumentos musicais do João (Fofos) e dos AMIGOS! sim dos amigos! o q nós dávamos pra q ele tivesse aparecido na Pedra d' água com os amigos! também me lembro de vermos as estrelas... naquele cantinho do mundo isolado era fácil chegarmos às estrelas...

sim, realmente já tavas a misturar historias... o "hit" foi inventado um ano ou 2 mais tarde qdo fomos ao acnac em Sta. Margarida! o comboio de que falas era o comboio fretado apenas para escoteiros.

qto à tua câmara... essa cabra gravou uma data de momentos da nossa vida! cadê ela? tou com saudades! e mais um pequeno à parte: o vídeo que foi gravado na Pedra d'agua foi o "All you need is love" com a Sofia a fazer de Fátima Lopes para reconciliar-vos. o genérico começava com a musica original e filmava-se os canteiros de flores da mãe da Sara! :) e esta hein?

cat

sa disse...

ranhosa eu sei, já vi o filme mil vezes... e não era
um amistura de all y need is love com Encontra-me. Era mistura com o PERDOA-ME!
PERDOA-ME NÃO SEI MAIS COMO ALCANÇAR-TE.... goooood

Quanto ao acnac, eu sei. mas apetecia logo contar essa. Essa e a da Madeira, falar da tua perna partida, da maca onde os açoreanos te tranposrtavam como se fosses uma princessa num coche!
Sempre foste uma ramelosa com sorte...
Ei zarco...

Cats disse...

o Zarco foi na Madeira! lol! não foi perna partida, foi o pé torcido e a musiquinha de santa margarida era bem melhor da da madeira (que era do fifi!) a de santa margarida era uma bela "marcha": o XXI Acnac é um encontro sem igual, vamos todos participar, escoteiros de Portugal!" muito má!!!! lol. relativamente à maca e aos açoreanos: sim sou uma cabra com sorte! lol, embora tb tenha ficado na tenda qdo foi tudo à piscina, mas tb me lembro do "fomes" ter ido lá pra ver se eu estava bem... so cute!